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    The President


    *Especial - com Lucas Colombo e Flávio Aguilar


    Lucas Colombo says:
    Que a eleição de um negro para a presidência da maior potência militar e econômica (hoje combalida) do mundo é histórica, todo mundo já disse. É histórica, é emocionante, foi impossível não ficar ligado na CNN durante toda a madrugada do dia 5 e não se comover com suas primeiras palavras como presidente eleito. Mas, afora todo o simbolismo de sua vitória, Barack Obama terá de mostrar trabalho. Seus desafios são grandes. Ele herdará um país com duas guerras, uma forte crise financeira e um déficit público imenso. Herdará também uma imagem antipática que sua nação cultivou em todo o mundo, nesses últimos e bushistas oito anos. Tem tudo para reverter isso, claro. O discurso que ele proferiu em Berlim, para 200 mil pessoas, em julho, indicou o quão apoiado ele é no exterior. Chefes de Estado europeus, africanos, asiáticos e latino-americanos também não conseguiram disfarçar suas preferências pelo democrata. A revista The Economist mostrou que a maioria esmagadora da população mundial queria Obama. Não é para menos. Filho de uma americana e de um queniano, com vivência no exterior, Obama já deixou claro que defende o multilateralismo em questões de política externa. Prega a diplomacia, mas não descarta ações militares quando necessário, bom frisar. De qualquer maneira, sabe que poderá recuperar a imagem dos EUA perante o mundo, e isso é muito importante num momento em que a economia global atravessa uma crise. O mundo está precisando de lideranças, e Obama inspira confiança, marca presença. Bush, quase ninguém mais vê. O governo americano mais impopular em 60 anos encaminha-se para um melancólico, apagado final. Obama o está ofuscando.

    Já escrevi que Obama é um liberal, sim senhor, mas até certo ponto (um pragmático, enfim), e que ele é um líder que une, que olha para frente, etc e tal. Há muito o que se falar sobre ele. Além das qualidades pessoais do eleito, uma coisa das mais importantes para se ressaltar nessa eleição é o fato de ela desmanchar várias ‘idéias’ que se tinha sobre os Estados Unidos e sobre o candidato himself. Houve quem dissesse que Obama não ganharia o voto dos americanos por ser “jovem”, “inexperiente” e “mais um ídolo pop do que um político”. E, em relação à cor de sua pele, também houve quem afirmasse, inclusive um famoso escritor e jornalista gaúcho, que Obama não chegaria lá porque “é muito difícil os EUA elegerem um negro”. Ô, imaturidade... É impressionante constatar essa visão travada de muitas pessoas, para as quais os americanos são todos, sem exceção, uns energúmenos. O povo dos EUA sabe corrigir seus erros. Elegeram um reformista, Franklin Roosevelt, depois do crash de 1929; elegeram um democrata, Jimmy Carter, depois de o republicano Richard Nixon ter mentido à nação, em 1974, no caso Watergate; e agora, depois dos anos de guerra, restrições às liberdades civis e crise econômica de George W., elegeram um homem intelectualmente aguçado, conciliador, defensor das liberdades civis e de mudanças na economia do país para que esta saia do buraco. Se é verdade que Obama tem algumas posições ainda não muito claras sobre a economia, também é verdade que ele possui uma equipe de alta competência e muito talento para dialogar e consultar quem sabe mais do que ele. Não será fácil, como declarou em sua primeira entrevista coletiva. Mas ele tem tudo para dar certo. E, sim, a História se encarregará do resto.


    Flávio Aguilar says:
    A simbologia em torno de Barack Obama é fantástica. Perda de tempo dizer o que todos já disseram ao longo dos últimos meses: negro, filho de pai africano – de quem herdou o “curioso” sobrenome Hussein – e mãe americana, ele é o presidente que poucos imaginavam algum tempo atrás.


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    E chegou lá graças à desgraça Bush. Apesar de suas inegáveis qualidades pessoais, a verdade é que ele esteve no lugar certo e na hora certa.

    Os Estados Unidos precisaram ir à extremidade de um pensamento retrógrado para eleger o inusitado Obama. Precisaram de oito anos de fracasso interno e externo – guerras mal-sucedidas, caos financeiro, desemprego, baixo prestígio perante a opinião pública internacional. Elegeram o negro para salvar a lavoura.

    Seu oponente na disputa, John McCain, está longe de ser o que Bush é e foi. Não deixava de ser um bom candidato. Era preparado, sem arroubos do nacionalismo e conservadorismo exacerbado que guia grande parcela do eleitorado republicano – e que está enraizado nos estados do meio-oeste americano. Mas deu azar. Topou com a rejeição abissal do seu companheiro de partido, aumentada com a crise financeira que partiu dos EUA para derrubar a economia mundial. Dizem que é a economia de um país que elege ou reelege seus governantes. Não chega a ser regra, mas não é exagero afirmar que McCain teria chances maiores se Bush tivesse o mínimo de cuidado com o que acontecia sob seu queixo.

    O marketing de Obama foi certeiro, sua campanha foi bem dirigida. A equipe de McCain jogou com o que pôde. Fora os votos republicanos de sempre, ganhou uma coisa ou outra contando com a dose de preconceito racial que o americano (e o brasileiro, o argentino, o europeu...) nunca perderá. A escolha de Sarah Palin como vice deu alguma sobrevida a McCain, mas depois virou piada. Obama não errou: chamou Joe Biden, um político experiente, para ser seu candidato a vice, preparou-se sabiamente para os ataques que sofreria em seus pontos fracos – inexperiência e... inexperiência – e discursou com força, inteligência e carisma. Além disso, Bin Laden não deu as caras para assustar o eleitorado, como fizera em 2004, numa atitude que ajudou a reeleger Bush sobre o insosso John Kerry. Do passado de Obama nada se tirou de escandaloso para denegri-lo. Desde a pré-campanha do futuro presidente contra Hillary Clinton, o lema Yes, we can só ganhou força, tornou-se uma onda de otimismo e esperança que atravessou as fronteiras americanas.

    O mundo comemorou a vitória de Obama. Todos vêem no novo homem mais poderoso do mundo aquele que atirará a corda e socorrerá a todos que se afogam em uma modernidade capitalistamente injusta. O argumento desse conto de fadas já foi aprovado em sufrágio pomposo, mas do final não sabemos. Muito menos qual a moral que tiraremos dessa história.

    No discurso feito em Chicago logo após a definição de sua vitória, Obama mostrou que devemos acreditar nele. Quem mais nos deu esperança, porém, foram os americanos que o elegeram. E mais ainda: as vozes que, num clamor mundial, ajudaram a levantar essa bandeira. Hora de trabalhar.

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