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    Política é coisa séria?


    *Para o Especial Eleições na Pátria Amada

    Criticar a falta de critérios do brasileiro na hora de votar é chover no molhado, aliás, no dilúvio. Tal qual Noé, consegui escapar desse clichê por muito tempo, mas o dia-a-dia tem o poder de me deixar assustado como qualquer outro. O circo das eleições 2008 já está armado por aí faz longo tempo, mas quando invade rádio e televisão é que sentimos no osso as agruras do pleito.

    A verdade é que a política brasileira, desde muito, tem servido apenas para o riso popular. Lembro que, quando era pequeno, o debate político, em período eleitoral e fora dele, entrava em todas as casas, em todos os círculos. Com dez anos, as crianças discutiam no colégio; com vinte, as militâncias ainda tomavam ruas e mesas de bar. O Rio Grande do Sul, que – em outro clichê avassalador – é tido como o estado mais politizado do país, não faz jus à fama há muito tempo. Porto Alegre, com seu marasmo e silêncio em pleno agosto, não lembra nem de longe a capital incendiada de bandeiras e discursos das eleições municipais dos anos 1990. Mesmo no interior, onde se convencionou dizer que as disputas são mais acirradas – as rivalidades se acentuariam nas pequenas cidades – o embate é tedioso, e a mobilização dos eleitores cabe em um bocejo.


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    Dois motivos têm sido citados com freqüência para justificar essa situação. Como há pouco foi noticiado na imprensa local, os candidatos a prefeito de Porto Alegre não têm arrecadado mais que 5%, em média, do previsto inicialmente – e declarado à Justiça Eleitoral. Os escassos recursos financeiros se refletem diretamente na plástica das campanhas. Com o dinheiro contado, todos economizam o que podem para a reta final da disputa, em setembro e outubro. Ouvi, até agora, apenas um jingle atravessar as ruas do Centro – e é o Centro, minha gente! Era um samba intragável dedicado à candidata Maria do Rosário. O resto, talvez eu venha a conhecer a partir de agora. Com a propaganda obrigatória tomando nossos rádios e televisores, começou o despejo de promessas vazias dos nossos políticos. Aliás, nem isso. Nos primeiros dias, só o que se viu foram tentativas de auto-afirmação dos candidatos, que se associam mais a imagens planejadas para conquistar o eleitor que a propostas que possam ganhar admiração e confiança. Deve ter faltado dinheiro para pagar ao roteirista. Ah, mentira! Foi tudo para os publicitários...

    Colabora para esse cenário insosso a própria Justiça Eleitoral; à mercê, claro, de leis mal redigidas pelos nossos legisladores. Numa tentativa louvável de restringir excessos e picaretagens eleitorais, a Justiça acabou por tirar o debate político da mídia e das ruas. Restringir a propaganda e o poder dos políticos nos veículos de imprensa era o propósito inicial das atuais leis que delimitam espaço e período menor para as campanhas em jornais, emissoras de televisão, rádios e internet – e postes, muros, telhados, praças, etc. No entanto, a medida acabou distanciando mais ainda uma população que já estava mergulhada na desilusão política. Para completar, transbordam no país decisões que, com a justificativa de eliminar benefícios de um candidato ou sigla na mídia, acabam por censurar oponentes e veículos de imprensa. Casos desse porte podem ser conferidos nesse interessante diretório criado por Marcelo Soares, jornalista de São Paulo.

    A distância que se forma entre eleitores e elegíveis só tende a aumentar com o descaso e decepção dos primeiros e o papelão que os eleitos fazem dentro e fora de suas funções. O dinheiro não entra mais porque os empresários estão com medo de investir em campanhas perigosas de candidatos duvidosos. Nesse ponto, cabem elogios à Policia Federal, por essa ter levado o medo aos não mais tranqüilos articuladores do caixa 2. Temos todos que aprender, a partir de agora, a lidar com regras sérias demais para um país politicamente atrasado como o nosso.

     

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